terça-feira, outubro 04, 2005

Hoje é o Dia do Animal ... mas ELES não sabem


Hoje, dia 4 de Outubro é o Dia do Animal
Acordei a olhar para os meus, tão felizes e bem dispostos, nas suas caminhas aconchegadas, num lar onde não faltam passeios, mimos e todas as mordomias.
Também eles um dia foram abandonados. Também eles um dia sofreram, na rua, nas mãos de pessoas cruéis, que fizeram deles animais assustados, traumatizados e muito carentes.
O meu porto de abrigo foi tudo aquilo que eu lhes pude dar. Hoje são uns mimalhos felizes, que fazem de mim uma pessoa feliz, e muito mais rica cá dentro de mim.

Mas não é dos meus que quero falar. É deles, dos outros, que não têm um tecto, que estão na rua ou em canis municipais, que sofrem diariamente porque todos os afastam, a eles errantes, os espantam de modo a que vão errar para outro lado, de preferência que não nos chateiem.
A estes animais é que eu dedico hoje este post. Aos "meus" meninos dos canis, aos "meus" meninos da rua. Hoje não sabem que é o seu dia, porque para eles todos os dias são iguais, até ao dia em que o dia é diferente porque chegou a hora de dormir :(

Eles não sabem o que é um afago, talvez já tenham sabido, talvez já tenham esquecido, hoje estão sós no seu mundo pequenino e vazio de sonhos e de esperanças, hoje vivem a contar os dias, talvez hoje seja o seu último dia....

Hoje as memórias estão gastas, já não vivem, sobrevivem apenas, tiveram que crescer depressa, mesmo os mais pequeninos e indefesos, os bébés, hoje não brincam nem fazem tropelias, hoje a fome a sede e a tristeza calam a vontade de brincar.

Nos canis ou nas ruas, os meus meninos sofrem e choram, presos a correntes ou a dormir debaixo de carros e descampados, sem ver a luz do dia ou à chapa do sol que os cega...
É esta a realidade, e nada a fará mudar enquanto não se mudarem mentalidades.

E hoje comemora-se o Dia do Animal e eles não sabem....

domingo, outubro 02, 2005

O alívio do dia seguinte...

Ontem passei o dia todo enfiada na cama, sem forças, com enormes dores de cabeça, tonturas, muito mal disposta, com uma grande Enxaqueca.
Infelizmente é um mal que já trago desde a adolescencia e que herdei da minha mãe... que simpatia.... :)

Quando era mais nova isto acontecia-me normalmente aos sábados, acordar e não me conseguir levantar, e por ali ficar, com todos os mimos, vinham os comprimidos, mais tarde as sopinhas, as torradinhas e o chá, entre o dormir e o acordar, num silencio absoluto, sem luzes. Normalmente só passava mesmo ao fim do dia, quando eu finalmente me levantava da cama, já de corpo cansado, mas mais aliviada , às vezes ainda um pouco tonta e adormecida, mas pronto, a maldita tinha terminado, mas o dia também já tinha terminado. A vontade da minha família me querer ver bem, fazia de mim o centro das atenções, e confesso sabia-me muito bem, apesar de me sentir mal, saber que todos se preocupavam comigo e que não estava sozinha.

Hoje em dia as coisas são ligeiramente diferentes. Acordo com enxaqueca, mas tenho de ir trabalhar. Tenho de continuar a tratar das coisas da minha vida, como se este fosse um mal inventado por mim, não há desculpas para não fazer nada, faço-as com todo o meu sacrificio. Há quem não me compreenda e que não entenda a minha dor. Mais que a enxaqueca, isto ainda me doi mais cá dentro do que tudo o resto. Sinto-me sozinha com a minha agonia, com as minhas dores de cabeça, com o querer fazer e não poder, tropeçar nos meus próprios pés, tentar fazer a minha vida e não descuidar dos meus compromissos.
Não há mimos nem torradinhas, nem sopinhas nem nada. Fico apenas só e infeliz, eu e ela, a maldita, e uma série de comprimidos que cada vez me fazem menos efeito.
Não há palavras de aconchego, apenas palavras de maldizer, como quem fica chateado por eu mais uma vez estar assim, como se eu escolhesse estes dias, como se isto fosse tudo fruto da minha imaginação.
Doi, doi muito cá dentro. Doi-me não ser acreditada, e a todo o custo, ainda ter de me justificar perante outros, quando tenho compromissos aos quais não devia ter faltado. Quando por mim, o simples facto de estar com enxaqueca, é ja por si só, o adiar de todas as minhas forças.

E mais não posso fazer, senão esperar que a crise passe, e que depois de uma boa noite de sono, acorde para um dia novo. Novas forças, e tudo o que deixei para trás possa ser feito.
O alívio do dia seguinte.

Onde me encontro hoje .... tentar não pensar no dia de ontem, fugir às mágoas, esquecer o sofrimento, fugir à solidão. Criar em mim novas forças, sorrir e pensar que se é esta a minha vida, tenho que a levar a melhor. Dar a volta à vida como quem dá a volta aos medos... xô... xô.....porque se eu não o fizer mais ninguém o vai fazer por mim.