quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Rewind

Há algum tempo que não escrevia, e já algumas pessoas notaram esta minha ausência.
Não escrevo por razão nenhuma, mas simplesmente porque este blog não é um diário, mas sim aquele poiso acolhedor que me abre os braços quando preciso de deitar cá para fora algumas coisas que me vão na alma.
Parte I
Sobre o Natal, não me apeteceu escrever nem desejar as boas festas a ninguém.
O Natal é mais um dia de folga, e como eu não sou religiosa, limito-me a viver o Natal a tentar criar o espírito à volta duma árvore cheia de prendas, a correr lojas e lojas à ultima da hora porque todos os anos digo que isso não se volta a repetir e repete-se sempre, a chorar sempre que oiço um cântico de Natal, a ver os meus sobrinhos ficarem felizes quando rasgam cada embrulho, a deprimir quando me lembro dos outros Natais, os verdadeiros.
Era assim, 5 pessoas à volta duma mesa, e tão só 5 pessoas. As velinhas, os sininhos, a aparelhagem tocava um LP (ainda não se falava em cds) com as musicas de Natal, o bacalhau cozido com batatas, e as couvezinhas, e sabia tudo tão bem, e depois iamos dormir a correr porque o senhor pai natal naqueles tempos só vinha de madrugada, e quem disse que dormiamos? Lembro-me que várias vezes acordava durante a noite e ia espreitar, e o senhor pai natal estava atrasado, até que de repente lá adormecia de cansaço, e não era quando ele chegava? E por causa destas e doutras nunca conheci ao vivo o senhor pai natal.
Éramos 5, eu as minhas irmãs e os meus pais. Numa mesa a comer bacalhau com todos, num espírito verdadeiro familiar. O tempo devia ter parado ali, porque mais tarde passámos a ser apenas 4 a uma mesa e nunca mais foi a mesma coisa.
Hoje somos muitos em várias mesas, e é por isso que não gosto do Natal, na minha cabeça, há sempre uma cadeira vazia, e é nesse vazio que me encontro sempre que chega a época de Natal.
Parte II
Também não gosto do ano novo. Mas desse nunca gostei. Chateia-me ir a correr celebrar um dia que para mim é sempre igual aos outros, tenho medo dos foguetes muito de perto, e por mim, passava-o em casa, mas enfim.... o champagne e as passas não me dizem nada, a alegria no ar não me comove, e lá faço uns sorrisos forçados e lá vou para onde me levam. Sempre desejosa de regressar. Aquela semana depois do natal põe-me sempre nervosa, em vez de andar na lua a planear a festarola, fico deprimida e desejosa que o fim do ano passe depressa e que finalmente seja dia 2 de Janeiro, porque tb não gosto do dia 1 (apesar de ser feriado :) ).
Parte III
O dia 14 de Fevereiro é mais outro dia virado para o consumismo.
Quando não tinha amor, vibrava com esse dia e com o desejo de poder comemorá-lo.
Hoje as coisas são diferentes, as palavras e os sentimentos valem mais para mim do que valiam, os actos falam por si mesmo, e por favor, despachem-me este dia que é mais outro de floreados para o qual não tenho pachorra.
Se bem que fiquei muito feliz com a prendinha e o jantarinho que recebi, porque adoro receber prendinhas.... :) , faz parte do meu lado de criança, e tenho a impressão que nisto nunca vou crescer....