sábado, agosto 30, 2008

Adeus... ou até logo?

É mentira, doi-me a alma, há palavras que ficaram por dizer....
É hoje, sim?
Só em silêncios, queres saber porquê?
Porque nos silêncios guardo as palavras que ainda não te disse.
Um dia, devagarinho, libertar-me-ei das teias da minha vida, acordarei dos meus silêncios, e passo a passo, viverei sem medos.

Já se passou tanto tempo... tempo demais.... para me provares que provavelmente há aqui alguém que está com a razão.
Por enquanto é assim, vou ficando calada, os olhos estão fechados e o mundo lá fora, muda para todos, o silêncio é a minha arma.

Se gosto ainda? sim....
mas não posso mais
é mentira? doi-me o universo, o mundo fingido onde me tento esconder...
Camuflado, eu sei....

Adeus... ou até logo?

domingo, novembro 26, 2006

Oito meses de silêncio...

Querido Paizinho
"Tenho tanto para dizer, tanto para te contar.... mas a vida não chega..." - (Viviane)
E assim se passaram mais de oito meses, num silêncio absoluto de palavras, numa ausência quase forçada dos meus sentimentos, numa dôr que aos poucos se estava a construir e da qual eu ainda não me estava a aperceber, estava assim como camuflada, ainda dormente, eu não dei por ela, eu deixei que ela chegasse sem fazer nada.
Entrou... devagarinho, encostou-se a mim, corroeu-me a alma, ficou.
Tudo silenciosamente sem eu ter tempo para palavras.
Aconteceram muitas coisas, tantas, tantas, tantas.... e o mar não foi suficiente para me acolher nos seus braços, o céu aberto não foi suficiente para me aquecer nas noites frias, fiquei ali, desprotegida, um mar e um céu aberto e aquela dor na minha alma.
Devagarinho, aqui deixarei, alguns dos meus pedaços deste silêncio.
Querido Paizinho, eu era uma pessoa alegre, não era?

sábado, março 18, 2006

O dia do pai é todos os dias.

Querido Paizinho
E porque o dia do Pai deve ser todos os dias, amanhã recuso-me a vir sequer espreitar a este blog.
Porque me enerva.
Todos os anos, tento fingir que não existe para não ter de me lembrar deste dia, para que seja mais um no meio dos outros, para que não me aperceba da realidade deste dia que para nada serve a não ser para, mais uma vez, me encher a cara de lágrimas porque não o posso comemorar.
Mas por muito que tente, não consigo. As montras das lojas cheias de cartõezinhos, recadinhos, prendinhas especiais para o pai, as conversas à minha volta sobre os jantarinhos planeados, as surpresas que alguns vão fazer, enfim.... tudo isso me deixa aborrecida e triste, com vontade de fugir para bem longe.
Pudesse eu esconder-me nesse dia, voar para outro planeta, e deixar cá a nostalgia, que é diferente daquela nostalgia diária porque me é imposta.
Eu que já tinha dito que não gosto nada de dias feitos para isto ou aquilo, tenho de gramar com este dia. Mas que não deixa de me tocar.
O meu amor paterno é único, diário, está em todas as coisas que faço, protegido pela tua memória que me acompanha em tudo, protegido por ti, onde quer que estejas.
Até neste blog, porque sempre disseste que gostavas que eu continuasse a escrever.
Talvez não saibas (ou saberás?) que durante anos deixei de escrever, porque as palavras tombavam sempre para o mesmo lado, o da tristeza. Tantos anos, reprimidas as palavras, o nó na garganta, a tinta da caneta secou, as folhas ficaram amarelas (ainda não havia blogs ).
Talvez não saibas (ou saberás?) que nunca mais consegui ouvir determinadas músicas, por serem tão bonitas, por serem as tuas músicas. E as músicas que eu cantava no coro, nunca mais.... recusei a voltar a cantar no coro porque já não tinha para quem cantar, o meu melhor ouvinte da plateia, aquele que ia lá só para me ver. Que tossia no intervalo das músicas para que eu soubesse que estava lá, naquela sala cheia de gente. Tudo isso acabou.
Talvez não saibas (ou saberás?) que ainda hoje tremo sempre que oiço a sirene duma ambulância, que isso ainda me aconteceu a semana passada, e já lá vão quase dezasseis anos.
E tantas, tantas outras coisas....
Que aos poucos e poucos vou escrevendo, neste meu cantinho de desabafos e nostalgias.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Para ti, para todos.....

Estou cansada, estou farta que façam sobre mim juízos de valor, e ainda mais quando não correspondem à realidade.
Quem me conhece, conhece-me a sério. Sabe que sou uma pessoa pura, que sabe dar a mão a quem precisa, que sou crédula, que sou amiga do meu amigo, que não tenho maldade, que desconheço a mesquinhez, que sou adulta e infantil ao mesmo tempo, que sou responsável mas que adoro ser criança de propósito. Que não guardo rancores, que não sou agressiva, que tenho um coração onde guardo muita coisa, com espacinhos divididos de amor e carinho por aqueles que gosto e que amo. Que não sou mentirosa, que não faço as coisas com segundas intenções, que não gosto de magoar ninguém, e que fico muito triste quando me desiludo com aqueles que eu pensava serem meus amigos.
Problemas, todos temos, uns mais, outros menos, cada um tem os seus, e não podemos fazer comparações, porque aquilo que nós sentimos são os nossos problemas (independentemente de serem maiores ou mais pequenos que os dos outros).
Por isso fiquei triste.... com as tuas palavras. Sim, é para ti que estou a falar.
Não tinhas o direito de me andar a espicaçar constantemente com mails parvos e insinuosos, acusando-me de coisas que não são verdade, pondo em dúvida o que eu digo, e não querendo sequer respeitar as minhas respostas. Ao princípio, tentava sempre dar a volta por cima, fingir que não tinha lido esses mails, essas palavras tristes e dormentes, dava sempre a desculpa que não estavas bem, e ignorava os teus bombardeamentos.
Mas tudo tem limites, e eu cansei-me. Não andas bem, eu compreendo, mas isso não te dá o direito de seres rude e agressiva, com aqueles que talvez serão... bons amigos . Amigos que sabes bem que tinhas por perto, às vezes culpamos o tempo e a falta dele, mas não deixamos de ser os bons amigos que te escutam e estão cá para o que é preciso. Assim, afastas as pessoas. Afastas-me a mim, que depois de meses e meses a levar por tabela e a tentar não fazer caso das tuas palavras, cansei-me.
Talvez por isso eu esteja agora distante. Para que compreendas, que não devemos magoar os outros só porque estamos magoados com a vida. Devemos sim, aceitar as ajudas e o carinho daqueles que gostam verdadeiramente de nós.

Rewind

Há algum tempo que não escrevia, e já algumas pessoas notaram esta minha ausência.
Não escrevo por razão nenhuma, mas simplesmente porque este blog não é um diário, mas sim aquele poiso acolhedor que me abre os braços quando preciso de deitar cá para fora algumas coisas que me vão na alma.
Parte I
Sobre o Natal, não me apeteceu escrever nem desejar as boas festas a ninguém.
O Natal é mais um dia de folga, e como eu não sou religiosa, limito-me a viver o Natal a tentar criar o espírito à volta duma árvore cheia de prendas, a correr lojas e lojas à ultima da hora porque todos os anos digo que isso não se volta a repetir e repete-se sempre, a chorar sempre que oiço um cântico de Natal, a ver os meus sobrinhos ficarem felizes quando rasgam cada embrulho, a deprimir quando me lembro dos outros Natais, os verdadeiros.
Era assim, 5 pessoas à volta duma mesa, e tão só 5 pessoas. As velinhas, os sininhos, a aparelhagem tocava um LP (ainda não se falava em cds) com as musicas de Natal, o bacalhau cozido com batatas, e as couvezinhas, e sabia tudo tão bem, e depois iamos dormir a correr porque o senhor pai natal naqueles tempos só vinha de madrugada, e quem disse que dormiamos? Lembro-me que várias vezes acordava durante a noite e ia espreitar, e o senhor pai natal estava atrasado, até que de repente lá adormecia de cansaço, e não era quando ele chegava? E por causa destas e doutras nunca conheci ao vivo o senhor pai natal.
Éramos 5, eu as minhas irmãs e os meus pais. Numa mesa a comer bacalhau com todos, num espírito verdadeiro familiar. O tempo devia ter parado ali, porque mais tarde passámos a ser apenas 4 a uma mesa e nunca mais foi a mesma coisa.
Hoje somos muitos em várias mesas, e é por isso que não gosto do Natal, na minha cabeça, há sempre uma cadeira vazia, e é nesse vazio que me encontro sempre que chega a época de Natal.
Parte II
Também não gosto do ano novo. Mas desse nunca gostei. Chateia-me ir a correr celebrar um dia que para mim é sempre igual aos outros, tenho medo dos foguetes muito de perto, e por mim, passava-o em casa, mas enfim.... o champagne e as passas não me dizem nada, a alegria no ar não me comove, e lá faço uns sorrisos forçados e lá vou para onde me levam. Sempre desejosa de regressar. Aquela semana depois do natal põe-me sempre nervosa, em vez de andar na lua a planear a festarola, fico deprimida e desejosa que o fim do ano passe depressa e que finalmente seja dia 2 de Janeiro, porque tb não gosto do dia 1 (apesar de ser feriado :) ).
Parte III
O dia 14 de Fevereiro é mais outro dia virado para o consumismo.
Quando não tinha amor, vibrava com esse dia e com o desejo de poder comemorá-lo.
Hoje as coisas são diferentes, as palavras e os sentimentos valem mais para mim do que valiam, os actos falam por si mesmo, e por favor, despachem-me este dia que é mais outro de floreados para o qual não tenho pachorra.
Se bem que fiquei muito feliz com a prendinha e o jantarinho que recebi, porque adoro receber prendinhas.... :) , faz parte do meu lado de criança, e tenho a impressão que nisto nunca vou crescer....

terça-feira, dezembro 06, 2005

O tempo ..... tão longe e tão perto ....

Querido Paizinho

Faz hoje exactamente 16 anos em que foste pela primeira operado.
Lembro-me como se fosse ontem, dos sinais da minha rebeldia de miúda, incrédula e insegura, de passar por toda essa situação agarrada a uns copinhos de absinto que me deixaram mais para lá do que para cá.

Talvez fosse esse o meu refúgio, a maneira que tive de me abstrair da minha tristeza. A bebedeira..... estamos longe, o tempo parou ali, vivemos num mundo alienado, somos a sombra da nossa própria existência. O bater do coração acelerado, como se fosse explodir, onde os sentimentos são apenas uma mistela de confusões, vemos apenas uma névoa, imagens vagas, que confundidas com a música (pois há sempre música....) distorcem toda e qualquer noção que tenhamos da realidade.

Assim andei uns tempos, mas depois passou-me. O resto não interessa. Adiante.

Interessa que no dia seguinte acordei, assim um pouco anestesiada, e fui ver-te ao hospital.
Todas as minhas forças se concentraram nesse momento, único, nesses dias tristes mas em que a família se juntou, mais do que sempre, para tentar levar-te sorrisos e esperanças, brincadeiras e palhaçadas, deixando para mais tarde o correr das lágrimas, já no leito das nossas almofadas.

Hoje são 16 anos passados, e não consigo esquecer esta data. Porque é que o tempo me leva tantas memórias e não me leva esta angústia que teima sempre em aparecer, mesmo quando não sou eu a chamá-la?

terça-feira, outubro 04, 2005

Hoje é o Dia do Animal ... mas ELES não sabem


Hoje, dia 4 de Outubro é o Dia do Animal
Acordei a olhar para os meus, tão felizes e bem dispostos, nas suas caminhas aconchegadas, num lar onde não faltam passeios, mimos e todas as mordomias.
Também eles um dia foram abandonados. Também eles um dia sofreram, na rua, nas mãos de pessoas cruéis, que fizeram deles animais assustados, traumatizados e muito carentes.
O meu porto de abrigo foi tudo aquilo que eu lhes pude dar. Hoje são uns mimalhos felizes, que fazem de mim uma pessoa feliz, e muito mais rica cá dentro de mim.

Mas não é dos meus que quero falar. É deles, dos outros, que não têm um tecto, que estão na rua ou em canis municipais, que sofrem diariamente porque todos os afastam, a eles errantes, os espantam de modo a que vão errar para outro lado, de preferência que não nos chateiem.
A estes animais é que eu dedico hoje este post. Aos "meus" meninos dos canis, aos "meus" meninos da rua. Hoje não sabem que é o seu dia, porque para eles todos os dias são iguais, até ao dia em que o dia é diferente porque chegou a hora de dormir :(

Eles não sabem o que é um afago, talvez já tenham sabido, talvez já tenham esquecido, hoje estão sós no seu mundo pequenino e vazio de sonhos e de esperanças, hoje vivem a contar os dias, talvez hoje seja o seu último dia....

Hoje as memórias estão gastas, já não vivem, sobrevivem apenas, tiveram que crescer depressa, mesmo os mais pequeninos e indefesos, os bébés, hoje não brincam nem fazem tropelias, hoje a fome a sede e a tristeza calam a vontade de brincar.

Nos canis ou nas ruas, os meus meninos sofrem e choram, presos a correntes ou a dormir debaixo de carros e descampados, sem ver a luz do dia ou à chapa do sol que os cega...
É esta a realidade, e nada a fará mudar enquanto não se mudarem mentalidades.

E hoje comemora-se o Dia do Animal e eles não sabem....

domingo, outubro 02, 2005

O alívio do dia seguinte...

Ontem passei o dia todo enfiada na cama, sem forças, com enormes dores de cabeça, tonturas, muito mal disposta, com uma grande Enxaqueca.
Infelizmente é um mal que já trago desde a adolescencia e que herdei da minha mãe... que simpatia.... :)

Quando era mais nova isto acontecia-me normalmente aos sábados, acordar e não me conseguir levantar, e por ali ficar, com todos os mimos, vinham os comprimidos, mais tarde as sopinhas, as torradinhas e o chá, entre o dormir e o acordar, num silencio absoluto, sem luzes. Normalmente só passava mesmo ao fim do dia, quando eu finalmente me levantava da cama, já de corpo cansado, mas mais aliviada , às vezes ainda um pouco tonta e adormecida, mas pronto, a maldita tinha terminado, mas o dia também já tinha terminado. A vontade da minha família me querer ver bem, fazia de mim o centro das atenções, e confesso sabia-me muito bem, apesar de me sentir mal, saber que todos se preocupavam comigo e que não estava sozinha.

Hoje em dia as coisas são ligeiramente diferentes. Acordo com enxaqueca, mas tenho de ir trabalhar. Tenho de continuar a tratar das coisas da minha vida, como se este fosse um mal inventado por mim, não há desculpas para não fazer nada, faço-as com todo o meu sacrificio. Há quem não me compreenda e que não entenda a minha dor. Mais que a enxaqueca, isto ainda me doi mais cá dentro do que tudo o resto. Sinto-me sozinha com a minha agonia, com as minhas dores de cabeça, com o querer fazer e não poder, tropeçar nos meus próprios pés, tentar fazer a minha vida e não descuidar dos meus compromissos.
Não há mimos nem torradinhas, nem sopinhas nem nada. Fico apenas só e infeliz, eu e ela, a maldita, e uma série de comprimidos que cada vez me fazem menos efeito.
Não há palavras de aconchego, apenas palavras de maldizer, como quem fica chateado por eu mais uma vez estar assim, como se eu escolhesse estes dias, como se isto fosse tudo fruto da minha imaginação.
Doi, doi muito cá dentro. Doi-me não ser acreditada, e a todo o custo, ainda ter de me justificar perante outros, quando tenho compromissos aos quais não devia ter faltado. Quando por mim, o simples facto de estar com enxaqueca, é ja por si só, o adiar de todas as minhas forças.

E mais não posso fazer, senão esperar que a crise passe, e que depois de uma boa noite de sono, acorde para um dia novo. Novas forças, e tudo o que deixei para trás possa ser feito.
O alívio do dia seguinte.

Onde me encontro hoje .... tentar não pensar no dia de ontem, fugir às mágoas, esquecer o sofrimento, fugir à solidão. Criar em mim novas forças, sorrir e pensar que se é esta a minha vida, tenho que a levar a melhor. Dar a volta à vida como quem dá a volta aos medos... xô... xô.....porque se eu não o fizer mais ninguém o vai fazer por mim.