As três ou Eu e elas duas

Éramos três. Eu e duas grandes amigas minhas. As três nas vitórias, as três nas tristezas, as três unidas por várias causas. As três da vida airada. As três tristes tigres. As três apanhadas da cabeça pelos animais. As três a dobrar folhetos para as campanhas de adopção. As três nos copos e em jantaradas, na internet, nos mails. Na AMIZADE.

Aqui há uns bons tempos, as minhas duas amigas, por razões que agora não interessam nada, tiveram uma pequena discussão e deixaram de se falar.
Na altura fiquei muito triste, mas sendo eu amiga das duas e gostando muito das duas, não quis tomar partidos e assim fiquei na minha. Eu e as duas, que não se falavam.
Eu no meio e uma de cada lado.
Eu e uma amiga, em silêncios, em alegrias e em tristezas, em cumplicidade, e um nó muito grande cá dentro.
Eu e a outra amiga, em gargalhadas e sorrisos, em lágrimas e desilusões, e aquele nó muito grande cá dentro.

Muitas vezes sentia saudades quando estava com uma ou outra, saudades de quando éramos três. A nostalgia tomava conta de mim, e sim, eu tinha de dizer, nesses dias eu tinha era sempre saudades daquela que não estava presente.
Lembro de passar por determinadas situações ou lugares e de me lembrar, nós já estivémos aqui as três.

Assim andei eu vários meses, metida na minha vida, metida com uma ou com a outra, mas sempre eu e as duas.

Hoje estou muito feliz.
Ontem, por razões que mais uma vez não interessam nada, e porque o destino talvez assim o quis, e porque há coisas que têm que acontecer para percebermos que andamos de olhos fechados, as TRÊS voltaram a juntar-se.

Estivémos juntas e fomos jantar fora. Ouvimo-nos umas às outras, sentimo-nos umas às outras.
E eu assisti ao abraço mais bonito dos últimos tempos.

Chorámos e rimo-nos.
As três.

E eu hoje estou muito feliz!